segunda-feira, 4 de abril de 2011

TEMPO


O tempo diegético (tempo da história)

- Trata-se do tempo em que decorre a acção.

- O tempo da história é constituído por algumas datas fundamentais.

- A acção inicia-se em 1711. D. João V ainda não fizera vinte e dois anos e D. Maria Ana Josefa chegara há mais de dois anos da Áustria.

- O fluir do tempo, mais do que através da recorrência a marcos cronológicos específicos, é sugerido pelas transformações sofridas pelas personagens e por alguns espaços e objectos ao longo da obra.

- Logo no início do romance, podemos inferir que a acção tem início no ano de 1711, através da seguinte referência do narrador:
“ (...) S. Francisco andava pelo mundo, precisamente há quinhentos anos, em mil duzentos e onze (…)"




Referências cronológicas

 As referências cronológicas mais importantes são as seguintes:

n  Em 1716, tem lugar a bênção da primeira pedra do Convento de Mafra;

n  Em 1717, Baltasar e Blimunda regressam a Lisboa para trabalhar na passarola do padre Bartolomeu de Gusmão;

n  Em 1719, celebra-se o casamento de D. José com Mariana Vitória e de Maria Bárbara com o príncipe D. Fernando (VI de Espanha);

n  Em 1730, mais propriamente no dia 22 de Outubro, o dia do quadragésimo primeiro aniversário do rei, realiza-se a sagração do Convento de Mafra;

n  A acção termina em 1739, no momento em que Blimunda vê Baltasar a ser queimado em Lisboa, num auto-de-fé.

-Muitas vezes, a passagem do tempo é anunciada por situações precisas "Para D. Maria Ana é que lhe vem chegando o tempo. A barriga não aguenta crescer mais por muito que a pele estique (...)" ou por referências temporais que se integram em marcações referenciais;



- O tempo do discurso é revelado através da forma como o narrador relata os acontecimentos. Este pode apresentá-los de forma linear, optar por retroceder no tempo em relação ao momento da narrativa em que se encontra ou antecipar situações.

As analepses (recuos no tempo)

- As analepses explicam, geralmente, acontecimentos anteriores, contribuindo para a coesão da narrativa.

- É de assinalar, anteriormente ao ano do início da acção (1711), a analepse que explica, em parte, a construção do convento como consequência do desejo expresso, em 1624, pelos franciscanos, de possuírem um convento em Mafra.


As prolepses (acções futuras)

A antecipação de alguns acontecimentos serve os seguintes objectivos:

A crítica social - é o caso das prolepses que dão a conhecer as mortes do sobrinho de Baltasar e do infante D. Pedro, de modo a estabelecer o contraste entre os dois funerais, ou a morte de Álvaro Diogo, que viria a cair de uma parede, durante a construção do convento, assim como a informação sobre os bastardos que o rei iria gerar, filhos das freiras que seduzia.

A visão globalizante de tempos distintos por parte do narrador (o tempo da história e, num tempo futuro, o do momento da escrita) - cabe aqui as referências aos cravos (outrora, nas pontas das varas dos capelães; muito mais tarde, símbolos da revolução do 25 de Abril), a associação entre os possíveis voos da passarola e o facto de os homens terem ido à Lua, no século XX, a alusão ao tipo de diversões que se vivia no século XVII e ao cinema, entre outras.


Sem comentários:

Enviar um comentário